sábado, 18 de novembro de 2023







 Irracionais...










Quando alguém que está dominado por suas paixões[1] quer muito alguma coisa, ele vai se agarrar a qualquer argumento que lhe pareça favorável para legitimar a sua vontade deliberada, mesmo que o objeto desejado seja imoral ou perverso. E, se for necessário, até mesmo as Sagradas Escrituras, lidas a seu modo, lhe servirão como argumento para justificar as suas decisões[2].

Nesse estado tão miserável, a criatura se torna impermeável a qualquer argumento discordante, por mais verdadeiro e superior que ele o seja, e não raramente o rebaterá com argumentos puramente emocionais e subjetivos.

Alguns traços são evidentes nessas personalidades deformadas: a falta de lógica nos argumentos, frases fora de contexto para mudar o sentido dos fatos, irritabilidade quando suas “verdades” são contrariadas, chantagem emocional, pensamentos obsessivos[3], etc.

Admitamos ou não, estamos sempre sendo tentados a servir o nosso ego, e, sinceramente, ninguém precisa ser um psicólogo para perceber as trapaças que a mente humana usa para validar as nossas paixões mais insanas.

Assim como as virtudes, em certo sentido, nos assemelham aos anjos, os vícios e paixões nos assemelham aos demônios. É preciso, contudo, identificar a raiz do problema para sabermos se podemos ajudar tal criatura ou se devemos nos afastar imediatamente.

Seja qual for o caso, podemos de imediato rezar por essa pessoa, interceder por ela, dar bom exemplo, oferecer sacrifício em seu favor e, se for possível, cooperar para que a ela possa ficar frente a frente com a Verdade.

Não existe um só ato, por mais “insignificante” que pareça, que não seja uma ocasião para nos aproximar de Deus ou para nos afastar Dele. É no coração do homem, e não fora, que tudo está se decidindo a cada minuto, até chegar aquele minuto que será o último da vida de cada um de nós, e então não haverá mais tempo e nos encontraremos diante do nosso terrível e inevitável juízo particular.

Portanto, quando perceber que está diante de uma pessoa ignorante não a despreze, antes, busque por todos os meios possíveis convencê-la da sua ignorância. Agora, quando perceber que está lidando com uma pessoa egocêntrica (que se encontra na rampa do inferno), uma obstinada e idólatra do próprio ego, por prudência, mantenha certa distância para que ela não tenha meios para te prejudicar. Mas, caso você tenha alguma responsabilidade para com ela não fique tão longe que ela não possa, por contraste, perceber a própria doença.



Eldorado do Sul, 18 de novembro de 2023.





[1] Paixões, não sentido cristão do terno, se refere tanto as pessoas escravizadas pelos desejos da carne, quanto as dominadas pelo ego/soberba..

[2] "A maioria das pessoas acredita que faz escolhas racionais ou até lógicas, mas, podem acreditar, a maioria das nossas escolhas são emocionais. Depois é que nós colocamos a razão para justificar nossas escolhas". (Ricardo Ventura é professor, psicanalista e cientista comportamental).

[3] As pessoas obsessivas não admitem sequer a possibilidade de estarem erradas.

 


domingo, 12 de novembro de 2023



 









Os Movimentos Da Alma







Quando você desejar uma coisa com todo o seu ser, e se depois de muito tentar conquistá-la acreditar que não a terá, um, entre três movimentos (paciência, orgulho ou ódio), provavelmente acontecerá em você:


1. Aceitará o martírio da paciência

Se você for uma pessoa piedosa, certamente se conformará com a providência divina que age em todas as circunstâncias, sem desistir de alcançar o bem desejado. Aceitará o martírio da paciência na certeza de que Deus recompensa quem não desiste. Como está escrito:
“O Amor é paciente...” (I Coríntios 13, 4).

2. O desprezo dos orgulhosos

Como num mecanismo de proteção, você começará a desprezar o bem desejado para aliviar a insatisfação de não o obter. Esse movimento é muito perigoso se não for combatido com violência, pois o desprezo e o ódio são vizinhos. A isso, por - analogia -, chamamos de apostasia... (a perda da fé).
Catecismo da Igreja Católica (2089).

3. O ódio dos demônios

Você se desesperará e odiará com todas as suas forças esse bem que julgou impossível de alcançar, tal qual como fizeram os demônios ao adiarem Deus, ao verem que o perderam para sempre.
Catecismo da Igreja Católica (2094).


A questão implícita aqui é esta: em todas as circunstâncias da vida ou sairemos mártires pela paciência, ou demônios, pelo orgulho: ou humildes ou soberbos.



Eldorado do Sul, 12 de novembro de 2023.
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