segunda-feira, 31 de maio de 2021

Ortodoxia morta


Homilia na missa do dia 30 – 05 – 2021 da solenidade da Santíssima trindade.

"[...]Há também outro desvio [esse é o ponto central da homilia], que é a - ortodoxia morta -, que encara a fé apenas como um conjunto de informações teóricas abraçada numa vida espiritual exterior”.


Já tem um bom tempo que acompanho as homilias online do padre José Eduardo, que nesses tempos de pandemia e com restrições as missas presenciais, se tornaram para muitos a única possibilidade de alimentar-se da palavra de Deus.

Na homilia em questão, o padre nos chamava a atenção para o que ele denominou de – 'ortodoxia morta' – que consiste na perda da fé, - resultado da falta de uma vida espiritual -, mesmo que a pessoa conserve as práticas religiosas.

Versando sobre a passagem bíblica que está em I Timóteo 6, 3 o padre faz uma relação direta entre piedade e vida espiritual, e que, sem piedade, não há vida espiritual.

Diz a passagem:

“Se alguém transmite uma doutrina diferente e não se atem as palavras salutares de nosso Senhor Jesus Cristo e ao ensino [ esse é o ponto que o padre destaca] segundo a piedade, é um orgulhoso, um ignorante, alguém doentiamente preocupado com as questões fúteis e contendas de palavras. Daí se originam, invejas, ultrajes, suspeitas malévolas, discussões sem fim de mentes corrompidas que estão privadas da verdade e consideram a piedade como uma fonte de lucro. Hora, a piedade dá grande lucro, sim, mas para quem se satisfaz com o que tem”. (I Timóteo 6, 1 – 6)

Após ler está passagem, o padre destacou dois pontos na sua homilia: “as palavras salutares de Jesus” e o “ensino segundo a piedade”, sendo que a falta de piedade é a própria falta de uma vida espiritual.

Continua o padre:

“Se existe uma heresia [aqui ele fez referência a Teologia da Libertação] que desloca o homem da sua finalidade, ou seja, ao invés de conhecer a Deus, agora nós vamos ficar fazendo mutirão para transformar a realidade do mundo segundo uma agenda da esquerda, da agenda revolucionária. Há também outro desvio [esse é o ponto central da homilia], que é a - ortodoxia morta -, que encara a fé apenas como um conjunto de informações teóricas abraçada numa vida espiritual exterior”.

Aqui, faço eu, um link com o que encontramos no capítulo I do livro ‘O Combate Espiritual (1589) ’ de Lorenzo Scupoli, que explica “o que é a perfeição cristã” e do engano de exaltar as práticas exteriores.

Diz o monge:

“[...]convém que saibas primeiramente no que consiste a verdadeira e perfeita vida espiritual. Porque muitos, por pouco refletirem, creem que a perfeição consiste no rigor da vida, na mortificação da carne, no uso de cilícios, nas disciplinas, jejuns, vigílias e outras obras exteriores. Outros, particularmente as mulheres, quando rezam muitas orações, ouvem muitas missas, assistem a todos os ofícios divinos e participam das comunhões, creem ter chegado ao mais alto grau da perfeição”.

Nas Escrituras Sagradas encontramos algo que está diretamente ligado a piedade quando nos diz que “Praticar a misericórdia e o direito é mais agradável ao Senhor do que os sacrifícios” (Provérbios 21, 3; Oséias 6, 6; Mateus 9, 13)

Não podemos esquecer também da parábola do ‘bom samaritano’ que nos fala exatamente sobre piedade x práticas exteriores.

Voltemos a homilia do padre José Eduardo, pois ele ainda leu outra passagem das Escrituras Sagradas que está em Tito 1, 1, que diz: “Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo para levar os eleitos de Deus à fé e ao conhecimento da verdadeira piedade”.

Esse versículo foi colocado, no contexto da homilia, para reforçar I Timóteo 6, 1 – 6, que sem a piedade qualquer prática cristã torna-se ortodoxia morta, levando as pessoas ao erro dos fariseus (um rigorismo das práticas externas e sem caridade), ou o erro dos modernistas (teologia da libertação), que, segundo o padre, sem piedade cairemos num ou no outro.

Referências:


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quarta-feira, 5 de maio de 2021

Reciprocidade


ESCRITO POR EDUARDO SILVA

MARÇO DE 2021


Não desperdice nem cinco minutos da sua existência nos lugares onde você é tolerado, e no primeiro sinal de desinteresse retribua e saia. Nem você e nem essas pessoas merecem tal dissabor.

Logicamente, uma situação pontual não serve como parâmetro para tal julgamento porque as pessoas têm dias bons e dias ruins.

Entretanto, não se engane chamando de "coincidência" o que conhecemos como reincidência, porque não existe "dois dias ruins" -- se é que me entende.

Note que aqui eu nem estou me referindo as amizades, mas sim as situações comuns do dia a dia, até porque as amizades, ainda que muito pequenas, existem pelo apreço que nutrimos e não pela tolerância.


Paulo Freire


 ESCRITO POR EDUARDO SILVA

ABRIL DE 2021


Acredito que a minha geração foi uma das últimas que escapou do método de ensino Paulofreiriano: um projeto de imbecilização das massas que deixou (e deixa ainda) marcas indeléveis nas suas vítimas.

No meu tempo, por exemplo, a soma de dois mais dois era quatro e sujeito, verbo e predicado de uma frase não se separava por vírgula. Só existia "ele" e "ela" e nada mais que isso. Ninguém se submetia a tamanha vergonha de ter de falar "todos e todas" ao dirigir a palavra para um grupo de pessoas, porque naquele tempo "todos" queria dizer todo mundo mesmo.

O legado deixado por Paulo Freire é este: um déficit cognitivo gigantesco que infelizmente não pode ser reparado.

Comunicar-se com pessoas intoxicadas pelo "padrão Freire" é um desafio penoso que requer paciência e muita caridade.

Parece deboche da minha parte, mas não é. É só tristeza mesmo! 
Acabei de ver uma pessoa que tenho em alta conta pagar um mico do tamanho de uma galáxia por tentar lacrar em cima de um sujeito que, de forma simplês e clara, explicava que a "roda é redonda".

Hoje a coisa está desse jeito: a criatura lê um texto, assiste um vídeo ou ouve uma história e é incapaz de juntar as partes e dar o sentido real que o autor colocou ali propositalmente. O déficit cognitivo não a permite decifrar a mensagem no momento mesmo em que a liberta para atribuir o sentido que quiser em frases que, retiradas do seu contexto (até porque este o escapou) nada dizem. E, com ares olímpicos de quem adquiriu uma graduação (diploma) com selo "Paulo Freire de qualidade", ri da própria ignorância na tentativa de ostentar uma superioridade que não possui, e nem poderia!