sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Das discussões religiosos


ESCRITO POR OLAVO DE CARVALHO
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Quanto valem, como argumentos numa discussão, as citações bíblicas? Depende. Se você é católico, elas só valem se usadas num sentido coerente com a interpretação canônica consagrada na Doutrina da Igreja. Qualquer outra interpretação que você lhes dê pode até estar certa, substantivamente, mas não traz a garantia formal da autoridade da Igreja e, portanto, vale apenas como uma opinião pessoal ou como uma figura de linguagem, uma analogia, não provando absolutamente nada em nenhum dos dois casos, nem mesmo para ouvintes católicos. Já se você é protestante, ou, como se diz no Brasil, evangélico, não há nenhuma interpretação canônica na qual você possa se respaldar, tal a diversidade de igrejas e doutrinas e a prevalência da "livre interpretação"; todas as suas interpretações são portanto pessoais, subjetivas e sem autoridade NENHUMA exceto para você mesmo e para os que concordem com a sua interpretação, coisa que depende exclusivamente da livre vontade deles e é, em todos os casos, matéria de simples opinião pessoal. Se você entra numa discussão armado de citações bíblicas, imaginando que com isso vai derrubar os argumentos do adversário, você é vítima de uma terrível ILUSÃO NARCISÍSTICA: sendo ignorante o suficiente para não entender que muitas opiniões diferentes podem se expressar com as mesmas palavras -- inclusive as da Bíblia, sem o que as controvérsias teológicas seriam impossíveis --, soma à ignorância a presunção pueril de imaginar que a sua opinião pessoal é a Palavra de Deus. Muitos pastores, hoje em dia, vivem de alimentar essa ilusão nas almas de pessoas incultas e simplórias, que, incapazes de apreender sequer o que está em jogo numa discussão, acreditam poder intervir nela com uma autoridade divina superior à "mera sabedoria dos homens".

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