domingo, 17 de janeiro de 2016

As finalidades do casamento



Texto de Olavo de Carvalho

Muitas pessoas não apenas juram que se casaram “para constituir família”, mas acreditam mesmo que essa é a única justificativa decente para o casamento. 

G. K. Chesterton dizia que o mundo está repleto de idéias cristãs enlouquecidas. Acho que essa é uma delas. 

Sto. Tomás ensinava que o casamento possui três finalidades: uma natural, que é a procriação; outra, humana, que é o amor e a ajuda mútua; e uma divina, que é a mútua santificação. As duas últimas dependem das nossas intenções e esforços. A primeira, não. É um processo natural que opera inteiramente à nossa revelia. Podemos frustrá-lo, mas não incrementá-lo substancialmente. Ele não apenas independe de nós, mas também das outras duas finalidades. Qualquer um pode verificar com seus próprios olhos que há mais crianças no mundo do que amor entre cônjuges. Quanto à santificação, coitada, jamais deu palpite nessa área. Se para procriar fosse preciso uma intenção de ser santo, estupros não gerariam filhos, e casais que vivem trocando tapas seriam estéreis.

Portanto, entre as finalidades subjetivas do casamento, a procriação só entra como um acidente lateral. Casamos porque amamos a uma pessoa, desejamos ajudá-la em tudo, preservá-la de todo mal e fazer o que estiver ao nosso alcance para que ela viva no céu eternamente. That's it." 

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