domingo, 6 de setembro de 2015

ESTAI PRONTOS...


ESCRITO POR EDUARDO SILVA
06 DE SETEMBRO DE 2015.

Já têm três dias que está acontecendo um significativo confronto de opiniões e ideias entre católicos e evangélicos numa rede social, mais precisamente entre o filósofo Olavo de Carvalho e o "resto do mundo". Veja aqui a origem
O proveito que podemos tirar desses embates está justamente na oportunidade de clarear as coisas separando velhos mitos e lendas dos fatos históricos. Quem deixar de fora o vitimismo barato, criações próprias do imaginário (do "eu acho" ou, "ouvi dizer") e concentrar-se no que é substancial neste confronto, acabará deixando o mundo do falatório para trás, ainda que esteja apenas na plateia.

Penso que, para que o sujeito possa entrar nesse tipo de debate, deveria ele, em primeiro lugar, dominar as razões pelas quais pensa ter os argumentos mais “irrefutáveis” do mundo, quando na verdade o que vemos são pessoas repetindo frases por puro automatismo sem captar o sentido próprio do que estão dizendo, e por isso mesmo discutem assuntos laterais ao objeto, gerando intermináveis controversas.  
Você pode ter uma fé e não saber explicá-la, como por exemplo o caso de uma criancinha ou de um analfabeto, que por alguma deficiência cognitiva, ou apesar disso, consegue perceber as verdades divinas por meio da misericórdia (contato direto) com Deus, embora não saiba defendê-las a quem lhe pedir razão. Em matéria de fé, propriamente dita, qualquer pessoa pode, na sua liberdade de consciência, professá-la sem precisar de muitos recursos para explica-la por tratar-se de um foro íntimo. Agora, aos defensores do credo A, B ou C, espera-se que no mínimo estes dominem ao menos o básico, para que assim possam defender suas crenças a luz dos fatos, e nunca a partir de assuntos mal investigados e dos quais, na maioria das vezes, são modificados a "luz" das suas "férteis" imaginações.
O problema começa quando o sujeito no afã de proteger as suas opiniões faz um apanhado de fatos que lhe parecem favoráveis rejeitando, sob pena de sair da discussão, examinar outros fatos dos quais por si só acabariam com a discussão tão logo fossem examinados com o mesmo empenho que os primeiros receberam. Um bom exemplo disso é a questão da pedofilia que afeta o clero católico, e por mais que seja menos de 1% dos padres (o que já é uma tragédia) isso já é motivo para qualquer ateu ou protestante vomitar toda sorte de asneiras contra os 99% dos padres isentos dessa mancha, mesmo que alguém prove que isso é "uma gota de tinta em água cristalina".
Agora, tão logo você diga que os maiores detratores da igreja católica, os protestantes, fazem igual ou pior, e aqui cito dois casos como exemplo aqui e aqui, o sujeito tampa imediatamente os ouvidos e leva tudo para o campo do “talvez”, "eu acho" ou "ouvi dizer", fazendo um verdadeiro teatro (desconversa) para poder retira-se do embate. 

Percebi isso acompanhando os argumentos (alguns nem argumentos são), quando a criatura defende uma coisa que ele nem sabe de onde saiu e nem como veio parar na sua cabeça, e um exemplo clássico disso é quando o "eu sei, mas não sei explicar", entra em cena. Muito provavelmente aquilo que o sujeito está tentando te enfiar goela abaixo é uma criação do seu imaginário que, num dado momento, na cabeça dele, adquiriu status de fato ou coisa do gênero.
Em suma, se você professa o credo "B", sem problemas! Só tem uma coisa, antes de atacar o credo "A" tire dos seus argumentos as camadas de vitimismo, lendas urbanas e criações do seu próprio imaginário e veja se realmente sobra alguma coisa que possa ser objeto de uma discussão produtiva.
Sim sim, eu sou Católico Apostólico Romano! Para nós, católicos, o que rege é isto: "[...]Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito." (I Pedro, 3: 15) 

2 comentários:

Adilson disse...

Boa tarde, meu nobre. Salve Maria.

Belíssima postagem. É interessante que você produziu o texto bem no calor da discussão. Eu acompanhei, até onde pude, a discussão. Lá no facebook, onde a discussão foi quente, eu não comentei. Poderia, dado a minha a situação de ex-protestante, mas não o fiz. Por que? Simples: a maioria das pessoas querem ser sábios, intelectuais, grandes mentes, inteligentes, querem falar, querem ser ovacionadas, etc. Todavia, essas mesmas pessoas não estão aptas a observação. Acham que ler livros e mais livros vai torná-las sábias. Engano. Aquela discussão na página do Olavo, deixou clara uma coisa: o egoísmo e a incapacidade de discutir um tema estão longe do coração dos brasileiros, até mesmo daqueles que pagam, e pagam caro, a um sábio para ensiná-los, como é o caso dos alunos do professor Olavo.

Gostei do parágrafo: "Você pode ter uma fé e não saber explicá-la, como por exemplo o caso de uma criancinha ou de um analfabeto, que por alguma deficiência cognitiva, ou apesar disso, consegue perceber as verdades divinas por meio da misericórdia (contato direto) com Deus, embora não saiba defendê-las a quem lhe pedir razão. Em matéria de fé, propriamente dita, qualquer pessoa pode, na sua liberdade de consciência, professá-la sem precisar de muitos recursos para explica-la por tratar-se de um foro íntimo".

De uma coisa tenho certeza, se os protestantes (ou evangélicos, sei lá) aplicasse um pouco de lógica aos seus raciocínios teológicos, certamente eles se tornariam católicos. Exemplo: se, devotados em busca da verdade, estudassem a história da Igreja antes da Reforma,ou a história do Ocidente, ou observassem a vida dos santos, e fizessem perguntas como: "se o sangue de Maria corria nas veias de Jesus, então como ele nasceu sem pecado?". Ou ainda: "Como Maria poderia ser cheia de Graça se a Graça ainda não havia sido dada a ninguém?" Ou também: se Lutero "restaurou" a Igreja, então por que ela continua se dividindo em mais e mais "igrejas", cada qual com a sua própria verdade? Ora, se todas elas leem a bíblia, então deveriam ser unânimes. Por que não são? Por que não param de se dividirem?

Rezemos por aquelas pobres almas que se acham tão cheias de sabedoria, mas são incapazes de ver as coisas mais simples.

Abraço.

Eduardo Silva disse...

Concordo com você, meu nobre Adilson, e a prova incontestável é que, como você bem lembrou, há centenas, talvez milhares, de denominações protestantes que protestam umas das outras.