segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sine qua non







ESCRITO POR EDUARDO SILVA
21 DE JULHO DE 2014

"Servir aos outros nos livra das algemas do ego e da concentração em nós mesmos que destroem a alegria de viver"


Quem nunca teve a tentação de perguntar: você me ama?

Acontece que uma pergunta cuja resposta não cabe numa frase, nem mesmo num livro, não pode ser respondida, senão, através de uma multidão de gestos concretos e voluntários que na maioria das vezes são tão simples que chegam a ser desprezados.

Não se ama por uma noite quando o prazer, na maioria das vezes, é o objetivo último. Termina-se relacionamentos longos e a dúvida permanece lá – você me ama? – Na verdade, a resposta que vale "um milhão" já foi respondida muito antes da pergunta se quer tenha sido formulada, pois, a real medida que se amou é a medida que esta pessoa se empenhou em servir a outra. Se não fosse assim, seria impossível pôr em pratica as palavras de Jesus Cristo, quando disse: “Ame seus inimigos”. Esse amor do qual somos convidados a oferecer até para nossos inimigos não pode, de maneira alguma, ser um sentimento pelo simples fato de que nossos sentimentos são involuntários. 

Não controlamos nossos sentimentos, que na maioria das vezes são desordenados, mas nossas ações nós podemos escolher voluntariamente, e é por isso que é possível amar nossos inimigos com ações concretas, nem que for ao menos orando por eles, por exemplo.

Veja que, sob esse olhar, a pergunta – você me ama? – sequer precisa ser feita. Assim, quem mais te amou foi quem mais se empenhou em servir(ação), concretamente, para sua felicidade.

A nossa sociedade moderna, egocêntrica, busca a todo custo preencher o vazio existencial satisfazendo seus apetites e paixões, quando na verdade a felicidade mora no lado oposto disso; e talvez foi isso que o escritor James C Hunter 'O Monge Executivo' tentou explicar no seu livro:

Servir aos outros nos livra das algemas do ego e da concentração em nós mesmos que destroem a alegria de viver. [...]Mais uma vez, amar não é como você se sente em relação aos outros, mas como você se comporta em relação aos outros. [...]Todos nós sabemos que sentimentos vem e vão, é o compromisso que nos sustenta.

Quem foi alcançado por esse tipo de amor não precisa perguntar: você me ama?.

Quando o sacerdote pergunta a cada noivo: “você promete...”, na verdade o que ele pergunta é: vai servir até o fim? E quem entende isso aos olhos da fé cristã compreende porque o matrimônio é indissolúvel.

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